26 de jul. de 2012

Porta - Retrato

Preciso decidir, tomar rumo!!!
Retornar ao que era, o quanto antes...
Contemplar a lua que andava escondida...
Plantar flores na trilha da minha vida.

Marcar encontros nos fins de tardes...
Tomar vinho acompanhada, dar gargalhadas em plena luz do dia.
Brindar a vida com um arco íris de energia...
Gritar bem alto, o eco dos meus sonhos.

Conspirar amor, por onde possa passar!
Respirar bem fundo, seguir em frente.
Não ter medo da forte subida...
Muito menos das pedras que posso encontrar.

É agora!!!
É hoje!!!
Já passou tempo demais...
Despertei do pesadelo que teimei ser sonho.
Se ficar, se sofrer serei cobrada...
Meu sorriso já não é o mesmo do porta - retrato de ontem.

Alê Casarim 26/07/2012

21 de jul. de 2012

Sonhos que quero sonhar...

Muitas vezes, egoísticamente confesso, penso que somente eu possa estar sentindo o enclausuramento causado pelo "cinza da cidade grande"... Mas é que sinto falta do verde da minha infância, das porteiras que se abriam rumo as minhas fantasias caipiras... Sonho com o pôr do sol, com a lua cheia, com o cheiro do mato e com o barulho do carro de boi... Vejo dois caminhos, retornar a minha vida bucólica ou ficar torcendo para que as próximas férias venham logo... Como a primeira opção está fora de cogitação pelo menos por enquanto, vou encarar mais uma ruga ou um novo fio de cabelo branco que com certeza brotarão neste cenário cinza  que escolhemos viver...
Bom... Sonhar eu posso e sonharei com cada raio de sol tocando a terra nua, com a lua refletindo no riacho, com o vento  beijando as folhas do Ipê Amarelo... Me  transportarei  de quando em vez, para a estrada cascalhada que me leva ao paraíso e sendo mais audaciosa, sonharei com  uma cidade bucólica onde as famílias se encontrarão nas praças iluminadas, ao som da banda local e com o pipoqueiro fazendo parte deste cenário cinematográfico que parece estar longe de ser reconquistado... Sem perder o foco, pouco a pouco em meu sonho, a cidade vai sendo humanizada tanto por fora como nos corações dos homens...
Posso ser rotulada pela essência que não deixo escapulir do meu corpo e da minha alma e assim como a arte pode ser confundida com frescura não me importo de ser confundida  com sonhadora...
Cada vez que deixo minhas raizes, fica mais difícil de  equilibrar em outros solos, por mais que os conheça.  Coração apertado.  Alê Casarim 21/07/2012
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Como são belos os dias
Do despontar da existência!
— Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é — lago sereno,
O céu — um manto azulado,
O mundo — um sonho dourado,
A vida — um hino d'amor!
Que aurora, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d'estrelas,
A terra de aromas cheia
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!
Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!
Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberta o peito,
— Pés descalços, braços nus
— Correndo pelas campinas
A roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!
Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo.
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
— Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras
Debaixo dos laranjais!
Casimiro de Abreu