18 de mar. de 2011

Mio Nonno, mio Grande Patrimonio

Lembro-me bem... Quando criança “subíamos” a Serra de Divinésia, rumo a Cachoeira de Senador Firmino zona da mata de Minas Gerais, com toda a família em uma Rural Willys 1960.
Meu avô “Hial”, era o que mais se divertia... Levava suas varas de pescar, a maleta de anzóis, a conga azul e duas bóias, uma delas adaptada por ele para satisfazer seus quatro netos, eu a única menina até então... Era o nosso bote salva vidas particular... A outra bóia, era de isopor azul, ficava presa em seu peito. Eu não enxergava naquela época, quão engraçado meu avô ficava usando aquelas tranqueiras, mas quanto herói ele foi para a nossa infância. Minha vó, ficava encarregada de levar o pão com carne cozida, a toalha de piquenique e a cesta de coisas gostosas... O doce de leite branco era o que eu mais gostava. Formiga desde sempre.

Nossos pais nos confiavam ao nosso Nonno, que assim que chegava à cachoeira escolhia o melhor lugar para ficarmos. Ele utilizava uma lona verde para cobrir o espaço e garantia, na sua limitação em materiais de acampamento, o miglior weekend.

Lembro-me muito bem... Tivemos uma infância feliz... Plantamos árvores... Catamos sementes... Escorregamos na cachoeira com o nosso bote e nos barrancos de terra vermelha com o papelão que protegia o assoalho da rural. Nesta época, identificávamos pelo canto, qual pássaro estaria por perto... Os micos, os esquilos e as cobras d’água também faziam parte deste cenário bucólico de final de semana no “interior do interior”...

Não tínhamos os brinquedos perfeitos, os quartos solitários e as babás eternas... Simplesmente éramos felizes com nossos brinquedos criativos, em nossas camas comunitárias e com nossa família por perto.

É possível que a mudança de valores nos dias modernos, tenha diminuído a importância da criação dos nossos filhos. Em dias de tanto materialismo, a sensibilidade para perceber as necessidades fundamentais de uma criança fica ofuscada pelo brilho do profissionalismo que nem sempre vale a pena se comparado com o sucesso na construção de uma família bem estruturada.

Não podemos deixar de refletir e adaptar nossas vidas em função das de nossos filhos, afinal pessoal, nós que os escolhemos. Ainda há tempo antes que a vida lá fora os adote. Tenho certeza que nós não almejamos isto, apenas não tivemos tempo para perceber o que estava acontecendo e que no dia de amanhã poderá ser tarde demais.
Non perdere tempo!

5 comentários:

Anônimo disse...

Entendo sua simpatia e simplicidade.
Você teve infância no "interior do interior"
O máximo!

Marcelo

Anônimo disse...

Alessandra,

Obrigado pelas reflexões.

Alberto Pacheco

ENIO EDUARDO disse...

Alessandra, a boa história é aquela contada de forma que possamos construir em nossa mente quadro a quadro do fato narrado.

Você reproduziu magistralmente, para nós, as cenas de uma infância feliz.

Em cada post seu a gente vai compreendendo as origens do seu brilho como pessoa sensível.

Me deliciei com sua história.

Seja sempre fonte de luz.

Abraços Fraternos,

Enio.

Anônimo disse...

Já pensou em escrever um livro?
Talvez contos quem sabe/
Viajamos nas suas histórias.

abraço,
Bere e Cézar

Alê Casarim disse...

Grazie a tutti per affetto...

I miei amici il mio tesoro!

Baci,

Alê